Esta será a primeira eleição geral sem financiamento de empresas, proibido pelo Supremo Tribunal Federal em 2015. Com isso, candidatos terão menos recursos para bancar gastos eleitorais, o que aumenta a disputa pelo dinheiro público. Nos últimos dias, a reportagem flagrou conversas sobre o assunto dentro do plenário da Câmara. O deputado Paulinho da Força (SD-SP) tem carregado planilhas que mostram quanto cada legenda terá de recursos para "desmistificar" promessas feitas por dirigentes de outras legendas.
"Tem partido falando que vai dar R$ 2 milhões para cada deputado, mas não tem condições. Mostro logo a tabela para desmentir o cara", afirmou Paulinho. Segundo relatos de parlamentares, legendas do Centrão como PP, PR e PTB estão oferecendo aos deputados que toparem mudar de sigla o valor máximo que poderá ser gasto numa campanha para a Câmara este ano: R$ 2,5 milhões. Dirigentes dos partidos que compõem o bloco informal negam que as negociações estejam sendo feitas nesses termos. O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, no entanto, confirmou que reservou para cada deputado do partido cerca de R$ 2 milhões da fatia do fundo eleitoral a que o seu partido terá direito.
Para não ficar para trás, o MDB bateu o martelo esta semana e divulgou seus valores: vai repassar, para cada deputado com mandato, R$ 1,5 milhão para a campanha. Os senadores que disputarem a reeleição terão R$ 2 milhões. O DEM, partido que mais cresceu nesta Legislatura - de 21 para 33 deputados - evita falar em números. Segundo o deputado Efraim Filho (DEM-PB), a promessa para novos filiados é a de que eles terão o mesmo tratamento dos que já estão na legenda.Um deputado do PP que vai mudar de partido relatou o "modus operandi": procurou dirigentes das siglas com as quais tem afinidade e perguntou qual seria a fatia do fundo que lhe caberia caso migrasse de legenda.
Do que ouviu até agora, está entre PSD e PHS - este último ainda lhe garantiria a presidência do diretório estadual. Nas negociações, partidos que vão lançar candidato à Presidência, como PT e PSDB, saem em desvantagem, porque terão de reservar uma parcela dos recursos para a disputa ao Palácio do Planalto. No PSDB, que tem o governador Geraldo Alckmin como pré-candidato, a preocupação é para não perder nenhum dos 46 atuais deputados. Líder tucano na Câmara, Nilson Leitão (MT) criticou o "balcão de negócios". "Deputado virou jogador de futebol? Tem passe agora? Leva quem dar mais?", questionou. Fonte: Estadão Conteúdo