A Justiça bloqueou os R$2,2 milhões arrecadados pela campanha Ame Jonatas, criada para ajudar um bebê que sofre de atrofia muscular espinhal. A campanha, realizada através das redes sociais, chegou a arrecadar R$ 3 milhões em três meses. Diversas celebridades apoiaram a campanha. Somente uma empresária realizou bazares que arrecadou R$ 56 mil. Os valores seriam utilizados para compra de medicamentos que estabilizam a doença rara, que reduz os movimentos do corpo e tem um alto índice de mortalidade até os dois anos de vida da criança. Cada dose custa R$ 370 mil. Além dos valores, a Justiça, a pedido do Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC), bloqueou um carro avaliado em R$ 140 mil.
O carro está no nome dos pais do menino Jonatas. Os pais, Aline e Renato Openkoski, ainda podem ser investigados pela Polícia Civil por apropriação indébita. O MP-SC ajuizou uma ação em 2017 para proteger os interesses da criança. A Promotoria de Justiça de Joinville recebeu diversas denúncias de que os pais estariam utilizando os recursos para levar uma vida de luxo. O caso foi apresentado no Fantástico, da Rede Globo, na noite deste domingo (18). De acordo com a promotora de Justiça Aline Boschi Moreira, ficou acordado que o casal prestaria contas dos recursos da campanha até o fim de outubro de 2017.
Mas o acordo não foi cumprido. Logo depois, a Promotoria foi informada que o casal passou a virada do ano em Fernando de Noronha, com passagens custando mais de R$ 8 mil, e que adquiriu um carro no valor de R$ 140 mil. Em setembro do ano passado, a doação chegou a casa dos R$ 4 milhões. Os pais, desde então, não prestaram mais contas do dinheiro. Antes da campanha, Renato e Aline moravam em uma casa humilde. Logo após a arrecadação, alugaram uma casa maior e compraram dois celulares caros. A irmã de Aline, Camila, foi quem criou a campanha e também foi a primeira pessoa a denunciar o casal no MP.
Em entrevista ao Fantástico, os pais do bebê afirmaram que mudaram o padrão de vida é “para o benefício de Jonatas”. Eles contestaram a necessidade de prestar contas de tudo, justificaram a compra dos celulares para fazer fotos melhores e postar nas redes sociais e que Jonatas é menor de idade, e como responsáveis pela criança, tem todo o “direito de responder por ele”. A Justiça garantiu que os recursos poderão ser utilizados no tratamento da criança, desde que as despesas sejam comprovadas.