O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (Psol), na noite desta quinta-feira (15), em um discurso inflamado e emocionado durante a Assembleia Mundial das Democracias, evento do Fórum Mundial Social, realizado no estádio de Pituaçu em Salvador.
“Eu fiquei pensando que é preciso ser muito ignorante. É preciso ser muito má, ter o demônio dentro do corpo para achar que matando uma mulher de 38 anos, mãe, vereadora, eles pudessem aquietar a sociedade brasileira na luta pelo respeito aos direitos humanos. Os facínoras, cafajestes que mataram Marielle não percebem que mataram apenas a carne dela, mas as ideias libertárias e de defesa dos direitos humanos hoje são muito mais fortes do que quando ela estava em vida andando sozinha no Rio de Janeiro”.
Falando para uma plateia eufórica e alinhada ideologicamente, o ex-presidente arrancou urros ao afirmar que “hoje no Brasil inteiro, pelas ruas das cidades grandes e pequenas, se ouviu: Marielle você morreu, mas nós agora não chamamos mais Maria, Joana ou Manuela, todo mundo agora é um pouquinho Marielle. Eles vão perceber que a luta que ela estava traçando, nós haveremos de vencer num curto espaço de tempo”.
Na ocasião, Lula criticou a intervenção militar do Rio dizendo que não trará resultados práticos. “Eles acham que vão resolver (a violência) colocando o exército no Rio de Janeiro. Não vão. A gente coloca o Estado no Rio de Janeiro. A gente coloca educação, salário, emprego, cultura e a gente coloca respeito dentro da periferia. Eu quero dizer que não adianta exército”.
Ao cumprimentar Manuela D´Ávila, pré-candidata à presidência da República pelo PCdoB, o petista aproveitou para fazer um gesto político. “Hoje nós estamos num processo de disputa eleitoral e quero dizer que fico com muito orgulho que este país tenha dois jovens disputando eleições por partidos diferentes que é o companheiro Guilherme Boulos (Psol) e Manuela (PCdoB).
Por outro lado, não perdeu a oportunidade de demonstrar certo ceticismo quanto à viabilidade eleitoral de ambos. “Eu quero dizer que sinto orgulho de ver que no Brasil as coisas estão acontecendo e o Brasil está avançando. Não se preocupem com a quantidade de votos que terão na primeira (eleição), porque eu perdi três antes de chegar à presidência”.
O petista afirmou que cogitou não participar do Fórum por estar com a garganta cansada e ter uma caravana na próxima semana no Rio Grande do Sul. No entanto, optou por ir à Bahia para demonstrar solidariedade ao ex-governador Jaques Wagner, alvo da operação Cartão Vermelho, que investiga supostos desvios de recursos na licitação e contratação da Parceria Público Privada responsável pela construção da Arena Fonte Nova.
“O que me motivou vir aqui foi a ofensa que fizeram contra Jaques Wagner. Invadindo a casa dele. Não respeitando a honra da sua família e tentando levantar como já levantaram contra mim, e contra todos, infâmias, mentiras. Sem nenhuma responsabilidade de ter que provar. Eu vim aqui apenas para dizer ao Wagner: faça como eu, não baixe a cabeça, porque caráter e honra a gente não compra, nasce”.
Com informações de Luiz Fernando Lima