A maior parte das moradias foi repassada a beneficiários com renda familiar de até 4 000 reais, classificados na faixa 2 do programa. Esse grupo foi contemplado com 35.729 imóveis. As outras 16.320 unidades foram destinadas a famílias alocadas na faixa 3, com rendimento de até 7 000 reais.
A mesma tendência é observada na distribuição dos investimentos do programa na cidade de São Paulo. Nos quase nove anos de existência da iniciativa, o governo federal gastou cerca de 10,7 bilhões de reais no Minha Casa Minha Vida na capital paulista, dos quais 1,2 bilhão de reais (11%) foi para a faixa 1.
Os movimentos de moradia criticam o modelo. “O déficit habitacional é composto principalmente de famílias mais pobres, mas a prioridade não foi dada a esse grupo no programa”, diz Josué Rocha, da coordenação do MTST.
“Não houve um direcionamento correto por parte do governo. A iniciativa dos projetos muitas vezes parte da construtora, que prefere vender empreendimentos para faixas de maior renda”, diz Evaniza Rodrigues, militante da UMM.
Questionado sobre a distribuição dos investimentos entre as faixas de renda, o Ministério das Cidades informou que o gasto direto do governo é maior na faixa 1 do que nas demais. Isso porque, no caso das moradias de faixa de renda menor, o investimento é assumido integralmente pela União, enquanto nas demais faixas são utilizados majoritariamente recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
De acordo com a pasta, o valor direto investido nas faixas 2 e 3 foi de 197,5 milhões de reais, enquanto na faixa 1 o repasse foi de cerca de 1,2 bilhão de reais, “demonstrando a concentração dos investimentos (86%) para atendimento de famílias de mais baixa renda”.Fonte:Veja