A Bahia registrou 26 casos de feminicídio de janeiro até maio deste ano, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) repassados ao BNews. Ainda segundo o órgão, no mesmo período, ocorreram outros casos nos quais a mulher foi vítima. Foram 12.400 mulheres registraram queixas por ameaças, 6.100 lesões corporais, 143 tentativas de homicídio, 99 homicídios. Os dados ainda não estão atualizados pelo órgão, e o número deve aumentar.
No ano passado, foram registrados 49 casos de feminicídio. Do total, 22 aconteceram na capital baiana, o que significa quase a metade dos crimes. Ainda sobre dados referentes ao crime, 1.733 medidas protetivas estavam em vigor no estado.
O caso mais recente de feminicídio aconteceu no último dia 8, no bairro de São Cristóvão, na capital baiana. O segurança Alex Macedo Ribeiro, que trabalhava em um supermercado, matou a companheiro no local de trabalho. Segundo a Polícia Civil, Alex teria atirado contra a jovem e depois se matado. Os corpos do casal foram encontrados dentro de uma das salas do estabelecimento. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investiga o caso.
Alerta do especialista
Procurado pelo BNews, o especialista em psiquiatria, o médico Ivan Araújo, explica como a é possível identificar uma mulher vítima de violência doméstica. “Existe uma série de comportamentos suspeitos, como demonstração de grande tristeza ou depressão. A mulher fica mais fechada e passa a falar menos. As conversas sobre o cotidiano também desaparecem, incluindo assuntos que não têm ligação com o relacionamento. Isso acontece mesmo se a pessoa já fosse mais tímida, pois passa por um processo de introspecção muito grande. Evita chances de se emocionar, então prefere não falar de nenhum assunto e fica ainda mais fechada. Repentinamente deixa de ter vida social. Evita visitas e também a companhia de amigos e parentes. Sua aparência torna-se mais desleixada. As ausências no trabalho tornam-se mais frequentes também”, detalha.
O médico relata quais principais problemas levam a esse cenário de violência doméstica. “Quando falamos de violência estamos tratando de um problema multifatorial que envolvem questões históricas, sócias e econômicas”, afirma. Ivan cita uma pesquisa divulgada em 2004, pelo Instituto Ibope, que realizou entrevistas direcionadas a homens e mulheres sobre violência contra mulher e constatou que 81% dos entrevistados apontaram, em respostas múltiplas, o uso de bebidas alcoólicas como o fator que mais provoca a agressão dos homens contra as mulheres (78% dos homens, 84% das mulheres); 63%, os ciúmes (61% dos homens, 64% das mulheres); 37%, o desemprego (34% dos homens, 40% das mulheres); 31%, problemas com dinheiro (29% dos homens, 32% das mulheres); 18%, problemas familiares (15% dos homens, 21% das mulheres); 16%, a recusa em fazer sexo (12% dos homens, 19% das mulheres); 16%, a desobediência da mulher (18% dos homens, 15% das mulheres); 14%, dificuldades no trabalho (13% dos homens, 14% das mulheres); 13%, a falta de comida em casa (13% dos homens, 14% das mulheres); 4%, gravidez (3% dos homens, 5% das mulheres); 3% não citaram nenhuma dessas alternativas (4% dos homens, 3% das mulheres); e 1% não respondeu (1% dos homens, 1% das mulheres).
“Vale ressaltar que 41% dos entrevistados das classes mais abastadas (A e B) apontaram como principal fator para a agressão contra e mulher problemas com dinheiro, enquanto apenas 25% dos entrevistados das classes D e E indicaram essa causa. Já a desobediência da mulher é mais citada entre os mais pobres (19%) do que entre os mais ricos”, ressalta.
O especialista lembra que todas as situações de violência são problemas públicos, sendo necessário informar as autoridades. “Precisa-se pensar também em um serviço de suporte, que acolha está mulher até para compreender e perceber o que ela entende daquela situação e que ela possa falar também aquilo que ela precisa, quais são seus medos e angústias diante da situação vivenciada”.Fonte:Bocão News