Numa eleição escassa de recursos, em que vigora a proibição das doações empresariais desde por parte do Supremo Tribunal Federal (STF), aliada a determinação de que 30% dos recursos do fundo de dinheiro público sejam reservados para as campanhas de mulheres, especialistas políticos preveem um cenário de pouca renovação na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal.
A tese se explica pelo fato de hoje, com a minirreforma, o Congresso Federal dividir proporcionalmente a verba do fundo ao número de deputados de cada partido.
O total é de R$ 1,716 bilhão a ser compartilhado entre os 35 partidos que participam do pleito, beneficiando, consequentemente, os que possuem mandatos e obrigando os novos na política a testarem caminhos alternativos, de forma a vislumbrar possibilidades de vitória.
Na Bahia, as costuras e impasses em torno da definição das coligações proporcionais nos principais grupos, mostram o verdadeiro clima de salve-se quem puder. Na avaliação do cientista político, Joviniano Neto, o que pode surpreender são os novos nas chamadas chapinhas, compostas por partidos menores que colocaram um grande número de candidatos para garantir a eleição.
"Desses, os novatos que estão utilizando recursos próprios podem surpreender. No entanto, exceto por esse cenário, há pouca perspectiva de renovação. Deve haver a eleição dos que possuem mandatos pela concentração de recursos direcionados pelos partidos e pelo tempo de TV", disse, conjecturando que o MDB, por exemplo, por encontrar-se isolado, tem a possibilidae de eleger dois novos estaduais e talvez reeleger Lúcio Vieira Lima para a Câmara Federal.
Sobre os arranjos feitos pelas legendas, Jovianiano enfatiza que, num critério que permite que as coligações sejam diferentes para as proporcionais, fizeram o jogo necessário para sobrevivência, levando em conta que a próxima eleição (2020) terá a cláusula de barreira - cláusulas de desempenho eleitoral para que os partidos políticos tenham acesso ao fundo partidário e ao tempo gratuito de rádio e televisão e que acabará ainda com as coligações para eleições proporcionais para deputados e vereadores.
Para o professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) especialista em história política, Carlos Zacarias, a tendência é que se tenha o mais do mesmo.
"Embora o eleitorado tenha demonstrado nesses últimos anos uma insatisfação generalizada não está dado como certo que se vote contra de forma generalizada, já que boa parte da base foi procurar outras identidades, como forma de descolar a imagem dos últimos governos", explicou, acrescentando que é possível que se tenha um incremento de votos no Congresso nos dois extremos: esquerda e direita.
Confira as coligações:
Os partidos que compõem a base de Rui Costa vão para a disputa estadual com um chapão: PT, PSB, PSD, PP, PR, PDT, PRP, PMB, Podemos, uma chapinha com o PTC e PMN, outra entre o Avante e o Pros, e o PCdoB saindo sozinho.
Para as coligações de deputados federais foram formadas três chapas. Uma com o PT, PSB, PSD, PCdoB, Avante, Podemos, PR, PP, a segunda com o PDT e PROS e outra com o PTC, PMN, PRP e PMB.
Enquanto isso, os partidos de apoio ao candidato José Ronaldo (DEM), na tentativa de viabilizar manutenção e ampliação das bancadas, fecharam chapinhas para as eleições proporcionais para deputados estadual e federal. O prefeito ACM Neto desejava um chapão, mas o PSC, com a decisão de coligar com poucos partidos, acabou inviabilizando-o.
Sendo assim, ficou duas chapinhas para federal: DEM-PV-PRB e PTB-SD-PSC-PPL e a do PSDB, que sairá sozinho após imbróglio com o PSC. Já para deputado estadual, o SD sai sozinho, e duas outras chapas ficaram da seguinte forma: PTB-PSC-PPL e DEM-PV-PRB e PSDB.Fonte:Bocão News