Os resultados do primeiro turno das eleições de 2018 na Bahia, em meio à polarização do cenário político nacional, chama a atenção para a força do Partido dos Trabalhadores mesmo em meio a um, cada vez mais forte, movimento antipetista. O historiador político da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Carlos Zacarias acredita que a reeleição em primeiro turno do governador Rui Costa e a eleição de 10 deputados da sigla para a Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), representa um contraponto ao caráter conservador que se configura no Congresso.
“O significado da vitória expressiva de Rui Costa sinaliza, para o plano nacional, que apesar de nacionalmente o país ter dado uma guinada à direita, apesar de ainda não sabermos o resultado do segundo turno, o fato do país ter manifestado em sua maioria o voto em Jair Bolsonaro, 49 milhões de pessoas votaram, 18 milhões a mais que em Haddad, a Bahia como principal estado do Nordeste aponta para a possibilidade de uma posição contra hegemônica ao que foi apontado nacionalmente inclusive para o Congresso Nacional”, avalia.
Quanto aos deputados petistas que ganharam cadeiras na AL-BA, o historiador político acredita que o fato projeta a liderança de Rui Costa e Jaques Wagner, eleito senador para a próxima legislatura, com potencial de fazer um contraponto ao caráter conservador que se configura no Congresso a partir destas eleições.
Em relação ao papel exercido pela Bahia e pelo Nordeste no segundo turno das eleições, o cientista político da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Cláudio André Souza, conclui que o antipetismo não é prevalecente na Bahia e no Nordeste e que a avaliação positiva da administração de Rui Costa constatada das urnas pode influenciar no embate entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) no próximo dia 28.
“Isso abre uma janela de oportunidades para o PT reforçar o aumento da votação para presidente nesse segundo turno. Eu entendo que a estratégia que o partido tomará deve seguir a lógica de aumentar a votação nesse segundo turno. Imagino que o esforço dos governadores do Nordeste, principalmente os do PT, seja nessa direção, de garantir uma votação ainda maior para Haddad”, disse.
Quanto a situação da Bahia, caso o candidato do PSL alcance a vitória nas urnas, Zacarias acredita que o estado pode se tornar um “centro de resistência”. “A depender dos resultados das eleições no segundo turno, caso Jair Bolsonaro vença, a Bahia pode ser um espaço e um centro de resistência às políticas que, do meu ponto de vista, devem ser mais antipopulares do que foram as políticas de Michel Temer”, afirmou.Fonte:Bahia
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