A primeira-dama Michelle Bolsonaro defendeu a escolha de Priscila Gaspar, uma amiga sua, para comandar a Secretaria Especial dos Direitos das Pessoas com Deficiência, órgão do governo federal, e criticou a forma como parte da imprensa tratou a nomeação. As declarações foram dadas em entrevista à Record TV exibida neste domingo (20).
"A Priscila Gaspar tem um currículo invejável. Ela é uma surda bilíngue, ela é professora da PUC de São Paulo", disse. "Então, olha a maldade. Eu esperava assim: a primeira surda da história a ocupar uma vaga no governo. Algo que fosse abrilhantar."
A primeira-dama questionou a forma como a nomeação foi noticiada pela imprensa após se oficializada. "Foi como se eu estivesse fazendo a farra das amigas. Como se eu estivesse beneficiando amigas, e não foi isso."
Esta foi a primeira entrevista de Michelle após a posse de Jair Bolsonaro (PSL) como presidente da República. A conversa aconteceu no Palácio da Alvorada. Michelle não comentou, nem foi questionada, sobre ter recebido um cheque de R$ 24.000 de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL) -- filho mais velho do presidente.
Bolsonaro já disse que o cheque serviu como pagamento de uma dívida de R$ 40.000 de Queiroz com ele. Segundo o presidente, Michelle recebeu o depósito porque ele não tem "tempo de sair".
Discurso não foi marketing, diz Michelle
Michelle Bolsonaro também deu detalhes sobre o seu discurso na posse presidencial, feito em Libras (Língua Brasileira de Sinais). Segundo ela, o discurso não foi uma jogada de marketing, mas "um segredo bem guardado" e "muito natural".
A primeira-dama contou que a ideia surgiu 10 dias antes da posse, e que até o dia anterior ao evento somente ela e a intérprete sabiam do discurso. O cerimonial foi comunicado na véspera e Bolsonaro soube dele apenas duas horas antes da cerimônia.
Michelle também afirmou ter brigado "indiretamente" com o cerimonial da posse para ter um intérprete para traduzir o hino nacional para Libras.
"Eu estou educando as pessoas a respeitarem os direitos que eles já conseguiram", disse.
Vida pessoal e juventude na periferia
A primeira-dama ainda falou de sua vida pessoal e relembrou a presença da violência e do crime durante sua juventude na periferia do Distrito Federal.
"Eu cresci no meio de traficantes e eram os meus amigos. Nós crescemos juntos, cada um tomou um caminho. Eu vi vários amigos morrerem com 13, 14 anos", disse.
Michelle classificou como sendo "sua luta" a defesa de pessoas com deficiência, síndromes e doenças raras, e também falou sobre seu trabalho voluntário na região do antigo lixão de Gramacho, na Baixada Fluminense.
A primeira-dama disse que quer deixar o legado de "ajudar e ser sensível às causas, de poder olhar para quem realmente precisa."