sábado, 24 de agosto de 2019
Não tenho problema nenhum com Moro, diz Bolsonaro sobre sua ingerência em ministros
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou neste sábado (24) ter ingerência sobre todos os ministros ao ser questionado se o ministro Sergio Moro (Justiça) tinha carta branca.
"Olha, carta branca eu tenho poder de veto em qualquer coisa, se não eu não sou presidente. Todos os ministros têm essa ingerência minha e eu fui eleito para mudar. Ponto final", disse ao deixar o Palácio da Alvorada.
O presidente disse não ter nenhum problema com Moro em meio a um enfraquecimento do titular da Justiça.
"Não tenho problema nenhum com o Moro. Cada hora levantam uma coisa. Uma hora era Marcelo Álvaro Antonio, o Onyx também.", disse.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, Bolsonaro mudou seu discurso de quando escolheu o ex-juiz da Lava Jato para sua equipe ministerial e disse que ele teria carta branca.
Recentemente, ele já deu diversas declarações de interferência na Polícia Federal, subordinada à pasta de Moro, dizendo que poderia trocar até o diretor-geral do órgão.
A recente interferência na PF é apontada internamente como a mais emblemática da falta de poder de Moro no cargo atual, mas episódios com teor semelhante se acumularam ao longo de mais de oito meses do governo Bolsonaro.
Apesar dos ataques à sua prometida autonomia, Moro permanece calado.
Quando confirmou o convite, em novembro de 2018, Bolsonaro disse em entrevistas que tinha combinado com Moro que ele teria "liberdade total" para o combate à corrupção e ao crime organizado.
Em uma das manifestações, o então presidente eleito citou a escolha do chefe da Polícia Federal como uma das atribuições do ministro da Justiça.
Os últimos oito dias foram de crise entre Bolsonaro, Moro e a PF, após o presidente atropelar a instituição e anunciar a troca do superintendente no Rio de Janeiro.
Em sua última declaração sobre o assunto, na última quinta-feira (22), o presidente ameaçou até trocar o comando do órgão, hoje a cargo de Maurício Valeixo.
A PF é subordinada ao Ministério da Justiça, e Valeixo virou chefe por escolha de Moro. Os dois se conhecem há vários anos e trabalharam juntos na Operação Lava Jato.