sexta-feira, 15 de novembro de 2019
Bolsonaro recomenda que usuários de cheque especial migrem para a Caixa
Em transmissão ao vivo pelas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) fez uma série de propagandas para a Caixa Econômica Federal, que é um banco estatal. Ao lado do presidente da instituição, Pedro Guimarães, Bolsonaro recomendou que os correntistas que utilizarem o limite do crédito especial migrem para a Caixa.
"Pessoal, vem para Caixa, pô, já que você quer entrar no cheque especial. Se você não quiser, tudo bem, continua no seu banco aí", disse. "Eu, graças a Deus, nunca tive [cheque especial]. Ah, o cara é deputado federal? Não, não, não. Calma lá. Desde o meu tempo de tenente, capitão, três filhos naquela época, filhos pequenos também, nunca entrei em cheque especial, não. Eu acho que quem precisa, tudo bem, e todo mundo reclama de chefe especial. Reclamam inclusive porque a taxa Selic diminui, e lá na ponta, nada", afirmou.
Guimarães então disse espontaneamente não ter sofrido qualquer pressão de Bolsonaro ou do ministro Paulo Guedes (Economia) para reduzir os juros do banco. Ele prometeu que se a taxa básica de juros da economia –a Selic– diminuir, ele dará continuidade a uma política de cortes.
No passado, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi criticada por sua política de juros dos bancos públicos. Nesta terça (12), a Caixa anunciou o corte pela metade a taxa de juro do cheque especial em um momento em que Banco Central e governo vem pressionando os grandes bancos brasileiros a repassar a queda da Selic para consumidores.
A partir de dezembro, a taxa será reduzida de 9,99% para 4,99%, segundo comunicado divulgado pelo banco nesta terça-feira (12). Na média, segundo dados do BC, o juro do cheque especial do banco era de 9,41% na semana encerrada em 29 de outubro.
Bolsonaro ainda fez um alerta dizendo que mesmo os juros do cheque especial da Caixa estarem em 4,99% ao mês, menos da metade do cobrado por instituições privadas, é um preço alto. "É por mês, em pessoal, é salgado. A taxa Selic tá 5% ao ano", disse.
O presidente encerrou a live cantando uma antiga propaganda da Caixa e brincando que Guimarães deveria contratá-lo. "Vem para Caixa você também, vem", brincou.
O anúncio vem uma semana depois de o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmar que lançará, em breve, um projeto para redesenhar o cheque especial. Dentre as possibilidades, a autoridade monetária estuda a criação de uma tarifa mensal, que seria cobrada pelos bancos dos clientes que quiserem acesso a uma linha emergencial. Essa situação é proibida atualmente.
Segundo o Banco Central informou, porém, que discute o projeto com bancos e não há nenhuma decisão concreta sobre como esse redesenho se dará. Os 9,99% já eram mais baixos que a taxa média cobrada pelos bancos privados e fizeram parte de uma primeira rodada do banco público de corte de juros cobrados de seus clientes. A taxa média do cheque especial é de 12,4% ao mês, a mais cara do sistema financeiro. Já a Selic está em 5% ao ano, o menor patamar a história. O custo do cheque especial pouco se mexeu desde que a taxa básica de juros entrou em queda.