quinta-feira, 14 de maio de 2020
Mourão diz que isolamento para conter Covid-19 foi "desordenado" e avalia que vírus pode virar “questão de segurança”
O vice-presidente Hamilton Mourão avalia que a pandemia do novo coronavírus no Brasil pode se tornar uma questão de segurança. Em artigo de opinião publicado na edição desta quinta-feira (14) do jornal O Estado de São Paulo, o Mourão opina que a crise provocada pela Covid-19 nunca foi, nem poderia ser, questão exclusivamente tratada por um único “ministério”, “Poder”, “nível de administração” ou “classe profissional”.
Reforçando críticas constantemente tecidas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Mourão defende que as medidas de isolamento social adotadas por estados e municípios para conter a disseminação do vírus foram decretadas de maneira “desordenada”, paralisando a economia do País e desorganizando o sistema produtivo.
"Enquanto os países mais importantes do mundo se organizam para enfrentar a pandemia em todas as frentes, de saúde a produção e consumo, aqui, no Brasil, continuamos entregues a estatísticas seletivas, discórdia, corrupção e oportunismo", opinou. Embora pondere que nenhum país do mundo tem solução imediata para a atual crise, ele acredita que nenhuma nação vem "causando tanto mal a si mesmo como o Brasil".
"Um estrago institucional que já vinha ocorrendo, mas agora atingiu as raias da insensatez, está levando o País ao caos", continua.
Para o vice, a situação atual pode ser resumida em quatro pontos. São eles: Polarização; "degradação do conhecimento político por quem deveria usá-lo de maneira responsável"; "usurpação das prerrogativas do Poder Executivo"; e prejuízo à imagem do Brasil no exterior ocasionada por personalidades que, na avaliação de Mourão, inconformados o resultado das eleições de 2018", vendem o País como uma ameaça a si mesmo e aos demais.
O texto critica a ação de governadores, magistrados e legisladores. Para Mourão, esses agentes "esquecem que o Brasil não é uma confederação, mas uma federação". O vice opina que a situação atual é grave, mas não insuperável - desde que haja "um mínimo de sensibilidade das mais altas autoridades do País".
"Pela maneira desordenada como foram decretadas as medidas de isolamento social, a economia do País está paralisada, a ameaça de desorganização do sistema produtivo é real e as maiores quedas nas exportações brasileiras de janeiro a abril deste ano foram as da indústria de transformação, automobilística e aeronáutica, as que mais geram riqueza. Sem falar na catástrofe do desemprego que está no horizonte", argumenta.