quinta-feira, 21 de maio de 2020
Sem futebol durante pandemia, jogador de time do Rio vira feirante: "não tenho vergonha"
Geralmente, a profissão de jogador de futebol, para muitos, repleta de muito glamour, é cercada de vaidade. Mas, no caso de Gedeilson Oliveira, as coisas são diferentes. Com contrato suspenso no Madureira, do Rio de Janeiro, por causa da pandemia de coronavírus, que suspendeu as atividades de futebol em todo país, o lateral-direito conseguiu emplacar outra forma de sustento para família.
O atleta, que já atuou pelo Macaé e Volta Redonda, abriu uma barraca de feira para vender frutas em Bangu, na zona oeste carioca. "A vergonha que teria seria de chegar em casa e minha filha pedir alguma coisa e eu falar pra ela que não poderia dar. Pra não chegar a esse ponto, preferi agir antes. Não tenho vergonha. Muitos jogadores teriam vergonha, mas se eu tivesse chance de deixar uma mensagem pra eles seria para colocar vaidade de lado, que não leva o ser humano a lugar nenhum", afirma ao Blog do Leo Dias, Gedeilson, que aos 11 anos já trabalhou em um sacolão vendendo frutas e legumes.
Com a nova ocupação, a rotina do jogador ficou bem diferente da que tinha nos gramados. Ele acorda às 6h30 todos os dias, coloca tudo em seu carro e vai até o Trevo da Boária, em Bangu, montar o espaço onde vende suas frutas. Depois, ele volta para casa e treina em seu quintal para não perder o fôlego de atleta, já que assim que a quarentena acabar ele quer voltar com tudo para os gramados.
"Eu, hoje, desempregado e sem contrato, consigo ajudar duas famílias: são duas pessoas trabalhando na barraca", conta o jogador. A ideia deu tão certo que Gedeilson teve que contratar dois funcionários, além de abrir mais duas barracas em feiras dentro de condomínios em Bangu, bairro do subúrbio carioca onde vive com a mulher e a filha.
"Por causa da pandemia tive que mudar algumas coisas da minha vida até mesmo para não viver na pior. Esse vírus mudou a vida de todo mundo, ego não cabe dentro de mim", diz o jogador que planeja manter as barracas de feiras até mesmo quando o futebol voltar.
"Tive essa ideia e conversei com a minha mulher. Ela concordou comigo e no mesmo dia fui falar com meu barbeiro que estava a fim de montar uma barraca na frente da barbearia dele e ele pediu uma ajuda ao pai que estava desempregado. Quando ele falou, vi que era a confirmação para o que eu queria. Montei a barraca e dei o emprego pro pai dele, o Cosminho. Não sabia quando o futebol retornaria, quando eu voltaria a receber e ter contrato. Acabei também pensando nisso para ajudar o Cosminho e também para me ajudar. Agora, temos bastante pedidos e entregamos em casa".