Comum em países como Japão e Coreia do Sul, a busca ativa por contaminados pelo novo coronavírus fez parte da estratégia de enfrentamento da pandemia. Na Alemanha, o chamado paciente zero foi encontrado após uma investigação epidemiológica, que permitiu o controle da disseminação da doença. Agora, quase sete meses após a confirmação do primeiro caso no Brasil, Salvador anunciou que fará uma medida similar. Pena que demorou tanto.
No começo da pandemia, os secretários de Saúde Fábio Vilas-Boas (Bahia) e Léo Prates (Salvador) relataram a dificuldade para localizar e isolar os pacientes assintomáticos. Primeiro pela dificuldade logística. Há uma complexidade muito grande na identificação das pessoas doentes e nas próprias relações entre aquelas que testaram positivo para o novo coronavírus. Como seria inviável refazer toda a cadeia de contaminação, com recursos humanos e financeiros limitados, o investimento possível foi solicitar que a própria população se recolhesse em quarentena quando apresentasse algum sinal da doença.
Não foi o melhor dos mundos. Infelizmente, os números cresceram mais do que qualquer um gostaria. Todavia, o resultado foi muito abaixo das previsões iniciais para o estado. Houve uma consonância nas ações do governo da Bahia e da prefeitura de Salvador, somadas a um mínimo de consciência social. O isolamento não foi o perfeito, mas permitiu que o sistema de saúde se preparasse para o pior - que, felizmente, não aconteceu. Ponto positivo numa crise sanitária sem precedentes.
Como a busca ativa não foi possível durante as fases iniciais da pandemia - o que poderia evitar a massificação da Covid-19 -, a prefeitura de Salvador anunciou, na última sexta-feira (25), o início da investigação epidemiológica nos bairros do município. A iniciativa vai promover uma testagem amostral em áreas da cidade para identificar a presença de pessoas com coronavírus ou com os anticorpos que sugiram uma contaminação anterior. É uma tarefa complexa, porém permitida agora que já há mais informações sobre o comportamento do vírus, com certo rascunho da transmissibilidade dele.
Para além dos dados já disponíveis, como ocupação de leitos, números de casos confirmados e óbitos, essa medida talvez seja a que mais aproximará Salvador de retomar uma “normalidade”. Mesmo que não haja a chamada imunidade de rebanho, entender como a doença se espalhou pela maior cidade da Bahia é algo crucial para o futuro próximo e até mesmo para enfrentar outras pandemias. Fonte:Bahia Noticias