Ao fazer análise do desempenho do seu grupo político nas eleições em Salvador, o governador Rui Costa (PT) se eximiu, nesta quarta-feira (18), da responsabilidade pelo mau resultado da base aliada nas urnas no último domingo. Com quatro candidaturas - Major Denice (PT), Olívia Santana (PCdoB), Pastor Sargento Isidório (Avante) e Bacelar (Podemos) -, o petista viu o bloco que o apoia em nível estadual naufragar devido à vitória por larga vantagem de Bruno Reis (DEM), que somou 64,20% em primeiro turno (veja aqui).
Em sua defesa, Rui disse que a estratégia das quatro candidaturas não foi desenhada por ele e que sustentou que apenas Denice e Isidório deveriam ir para a corrida eleitoral. Falou ainda que, apesar de seus apelos para que alguns nomes não concorressem, estes insistiram em se manter na disputa. Também argumentou ter deixado claro a todos os partidos aliados, desde o início, que faria campanha apenas para Major Denice, cuja filiação ao PT foi articulada pelo próprio governador para que ele fosse candidata pela sigla.
“Conversei com todo mundo, pedi a vários para não saírem candidato, e as pessoas entendiam que deveriam sair, que iriam crescer. Quem sou eu para frustrar o sonho de alguém que vai para o segundo turno? Agora, ninguém pode dizer que eu prometi que não iria fazer campanha para a minha candidata. Eu fiz exatamente o que disse que iria fazer. Eu disse que iria a convenção de todos, que autorizaria o uso da minha imagem por quem quisesse, mas eu iria gravar pra uma candidata só e iria fazer campanha para uma candidata só. Ninguém tem o direito de achar estranho isso, pois é o meu direito como cidadão”, defendeu o governador, em entrevista à imprensa durante entrega de 54 moradias para uma comunidade no Costa Azul, em Salvador.
O petista detalhou qual seria a estratégia ideal, na visão dele. “Isidório carregava 18%, 20%, a depender da pesquisa, o ano inteiro. Alguém pedir para não ser candidato alguém que tá pontuando assim é uma aberração. Então, ele era a única candidatura que eu achava que deveria ser mantida, e a gente deveria ter mais uma da base. Essa era a minha opinião. As outras saíram por convicção, porque achavam que teriam um desempenho espetacular. Mas a minha estratégia era muito clara: Isidório e mais uma candidatura da base.”
Rui também rebateu declaração do senador Angelo Coronel (PSD), coordenador da candidatura de Isidorio, que pediu ao petista para “baixar a bola, cair na real e ter humildade”, após a derrota sofrida pela base aliada na capital baiana.
“Espero que o governador caia na real, baixe a bola, seja humilde, para recompor o arco de aliança. Porque se não, vai acontecer o que aconteceu com outros tidos como os maiorais no passado e que afundaram pelo excesso da vaidade, pelo excesso da autossuficiência e por se achar o imbatível. A humildade sempre deve prevalecer em qualquer circunstância”, desabafou Coronel, em entrevista ao jornal A Tarde.
O governador respondeu o aliado, não sem antes afagá-lo ao elogiar seu desempenho no Senado e demarcar que contribiu para sua eleição em 2018. “Não é novidade para ninguém que eu iria apoiar a Major Denice. Todos sabiam, e eu deixei isso muito claro para todo mundo. Ninguém pode arguir e não prometi igualdade de tratamento. Eu disse: ‘Tenho uma candidata, vou trabalhar por essa candidata e respeito a decisão individual de quem quer ter candidato’. Agora, se outros candidatos quiseram concorrer… Não sou chefe de ninguém. Muita gente confunde liderança com chefia. Meu estilo não é autoritário, eu não vou ameaçar, constranger ninguém. O pé no chão e a humildade, se tem alguém que tem aqui, sou eu.”
O governador disse também ter advertido que alguns candidatos poderiam sair da disputa “menores do que entraram” e alegou não ter cometido erro estratégico no processo eleitoral.
“Seria um erro estratégico se eu pedisse a cinco pessoas para serem candidatas. Você ouviu alguma declaração minha pedindo isso a alguém? Alguém disse que eu pedi isso? Eu não defendi estratégia de cinco candidaturas. A história do nosso grupo não é de impor. É diferente da história do outro grupo. Eu não faço isso. Quem quis sair teve opção de sair, o que é um direito das pessoas. Isso não é nenhuma violência”, ponderou.