Entre março de 2020 e fevereiro de 2021, período que abrange a pandemia do novo coronavírus no Brasil, o país registrou quase 1,5 milhão de mortos. É o maior número desde o início da série histórica "Estatísticas do Registro Civil" em 2003.
Os dados levam em conta mortes por todas as causas, causadas pela rede hospitalar à beira do colapso, o aumento no número de mortes em domícilios, em razão da falta de leitos, e o medo da ida aos hospitais.
O levantamento pode ser checado no Portal da Transparência do Registro Civil, administrado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil). Os dados foram cruzados com o estudo Estatísticas do Registro Civil, promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos dados dos próprios cartórios brasileiros.
Foram 1.498.910 óbitos registrados em Cartórios no período pandêmico. Ou seja, 355.455 faclecimentos a mais do que a média dos mesmos períodos (março de um ano a fevereiro de outro) desde 2003. Em termos percentuais, significa um crescimento de 31% de óbitos em relação à média histórica, que sempre esteve na casa de 1,7%.
Na comparação em relação ao exato ano anterior da pandemia, março de 2019 a fevereiro de 2020, o aumento foi de 13,7% no número de falecimentos.
“Os Cartórios de Registro Civil são a base primária de dados da nação, seus dados são enviados a mais de 14 órgãos do Poder Público, desde o Ministério da Saúde até o IBGE, para que o País possa planejar suas políticas sociais, de saúde, educação, habitação, segurança, entre outras”, explica Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Arpen-Brasil.
Os estados mais afetados foram os da região Norte. O O Amazonas registrou aumento de 86,8%, seguido por Roraima (81,2%), Acre (51,8%) e Rondônia (44,6%). Na região Sudeste, o Espírito Santo registrou aumento de 42,8%, seguido por Rio de Janeiro (39,9%), São Paulo (36,7%) e Minas Gerais (24,3%). Na região Sul, Santa Catarina teve aumento de 36,4%, enquanto na região Nordeste Maranhão foi o estado que teve o maior aumento percentual, com 33,3%.
Fevereiro de 2021 teve um agravamento ainda maior em relação a outros anos. Foram 119.335 mortes, 33,5 mil a mais do que a média para o período. O número foi ainda 28,1% maior do que a média histórica dos meses de fevereiro desde 2003, sendo 26,8 pontos percentuais a mais em relação à média para o período. Na comparação com fevereiro de 2020, o crescimento foi de 28%.
O número de óbitos registrados nos meses de 2021 ainda pode vir a aumentar, assim como a variação da média anual e do período, uma vez que os prazos para registros chegam a prever um intervalo de até 15 dias entre o falecimento e o lançamento do registro no Portal da Transparência. Além disso, alguns estados brasileiros expandiram o prazo legal para comunicação de registros em razão da situação de emergência causada pela COVID-19.