O presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu, nesta quinta-feira (3), que a Petrobras reduza lucros para evitar uma alta brusca de combustíveis, diante da crise geopolítica causada pela guerra na Ucrânia.
"Não tenho como interferir, nem vou interferir na Petrobras. Agora a Petrobras, por sua vez, sabe da sua responsabilidade; e sabe o que tem que fazer para colaborar para que o preço do combustível aqui dentro não dispare", declarou o presidente, durante sua live semanal.
"A Petrobras tem gente competente para isso, tem seu quadro de diretores, tem seu presidente, e sabe o que fazer. Estamos vendo aqui na mídia —e é verdade— o lucro que a Petrobras está tendo. Em um momento de crise como esse, eu acho que esse lucro, dependendo da decisão dos diretores, do conselho e do presidente, poderia neste momento de crise ser rebaixado um pouquinho para a gente não sofrer muito aqui".
Na quarta (2), o presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, disse à Reuters que a empresa analisa a pressão de alta da cotação do barril de petróleo, mas por enquanto não há nenhuma decisão tomada quanto a ajustes nos preços dos derivados.
Segundo ele, após a invasão da Rússia à Ucrânia, o mercado do petróleo ficou "nervoso" e com muitas "incertezas".
Além do aumento dos preços dos combustíveis, preocupa o governo os impactos do conflito sobre a importação de fertilizantes.
A Rússia é um dos principais fornecedores desses insumos ao país e a expectativa é que as exportações fiquem prejudicadas enquanto durar o conflito. Transportadoras marítimas anunciaram que não mais buscariam mercadorias na Rússia e as sanções econômicas aplicadas pelos EUA e aliados podem dificultar transações financeiras com empresas do país.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, participou da live ao lado de Bolsonaro. Ela declarou que o país não deve receber fertilizantes da Rússia enquanto perdurar a guerra.
"O que nós temos no momento é uma suspensão desse comércio porque não temos como pagar nem temos navios, nem seguros para esses navios, para carregar esses fertilizantes do mar Báltico e Negro", declarou a ministra.
"Enquanto ela [a guerra] estiver acontecendo é totalmente descartado a possibilidade de a gente receber fertilizantes daqueles dois países, tanto da Belarus como da Rússia".
Ela também afirmou novamente que uma das consequências da atual situação será uma alta no preço dos alimentos.Fonte:FOLHA