Integrantes do governo e aliados no Congresso atuam para barrar a tentativa da oposição de elevar o valor mínimo do Auxílio Brasil, hoje em R$ 400 graças a um benefício adicional temporário criado pelo governo Jair Bolsonaro (PL) para atravessar o ano eleitoral.
A justificativa de aliados do governo é que qualquer R$ 1 a mais no valor inviabilizaria a sanção da lei pelo presidente. Do contrário, sua candidatura ao Planalto ficaria sob risco, já que a lei eleitoral proíbe a ampliação desse tipo de benefício no ano de realização do pleito.
Um eventual veto à lei, para evitar o conflito jurídico, acabaria devolvendo as famílias à realidade anterior, com um pagamento médio na casa dos R$ 224,41. Na prática, significaria um corte no benefício da população mais vulnerável num momento em que a alta nos preços de alimentos já pressiona o bolso dessas famílias.
Diante do risco, o governo deflagrou uma estratégia para tentar convencer os deputados favoráveis ao aumento de que a pressão pode acabar surtindo efeito contrário, reduzindo o benefício das famílias. Caso a investida não seja eficaz, aliados de Bolsonaro defendem expor o nome dos deputados que apoiaram a mudança, jogando sobre eles a culpa pela eventual redução.
O Auxílio Brasil foi criado para ser a marca social do governo Bolsonaro, sucedendo o Bolsa Família, associado às gestões petistas. Em diferentes ocasiões, o presidente prometeu o pagamento de um benefício mínimo de R$ 400 e o fim da fila de espera do programa, que chegou a acumular mais de um milhão de famílias.
O problema é que o governo só conseguiu assegurar, de forma permanente, uma parte do aumento prometido —o que levou o benefício médio aos R$ 224,41 em novembro do ano passado. Sem fonte de financiamento para a parcela restante, a solução foi criar um benefício temporário para chegar aos R$ 400.Fonte: Folha