Diante da crescente pressão pela retomada das aulas presenciais na rede pública de ensino, o secretário estadual de Educação Jerônimo Rodrigues afirmou nesta quarta-feira (17) que não cabe à pasta definir data para volta das atividades.
Questionado sobre a apresentação dos protocolos do governo para o retorno, o titular da SEC se irritou e garantiu que eles foram apresentados à sociedade, por meio de audiência pública realizada nesta terça (16) na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). Apesar disso, quando indagado sobre parâmetros para a retomada, não soube dizer quais patamares ideais de ocupação de leitos de UTI, óbitos e casos ativos foram fixados pelo governo para determinar o retorno presencial.
“O parâmetro de retorno é de saúde pública. Não cabe à educação, ao turismo, definir esses aspectos de data. O que nos cabe é um plano de retorno, e nós temos esse plano, foi disponibilizado ontem, publicamente, diante de uma audiência pública na Assembleia Legislativa. Nós não vamos ficar em um debate que não ajuda a gente”, disse ao ser questionado sobre o assunto em entrevista ao Isso é Bahia, programa da rádio A TARDE FM em parceria com o Bahia Notícias.
Uma das ações que o estado deve adotar no retorno é o ensino híbrido, explicou Jerônimo. “O ensino é híbrido tem o chamado tempo-casa e o tempo-escola. O tempo-escola, de acordo ao momento que tivermos condições reais, nós voltaremos a abrir as escolas e fazer um movimento em que os alunos possam ir à escola duas, três vezes por semana. É o retorno do vínculo presencial. O tempo-escola, está escrito formalmente, apresentamos para a AL-BA. Quem tem internet e quem tem equipamento poderá usar. Quem não tem nós haveremos de viabilizar um meio para que a família vá até a escola ou a escola vá até a familia, pedir apoio a sindicatos, associações, à prefeitura.”
Ele ainda criticou os protestos pela volta às aulas, como o feito por um grupo de pais, nesta quarta, em frente à casa do prefeito de Salvador, Bruno Reis. “É muito positivo e justo que as famílias, as escolas particulares reivindiquem o retorno, mas temos uma situação de quase lockdown, então não dá para ter gente fazendo protesto na porta de prefeito, em desrespeito às famílias. Haveremos de respeitar a saúde dos profissionais de educação, das famílias”, afirmou.
FECHAMENTO DE ESCOLAS INFANTIS
Jerônimo demonstrou preocupação com o provável aumento da demanda por vagas no ensino infantil e fundamental I dos municípios por causa do fechamento de escolas de pequeno e médio porte. Segundo ele, o estado, responsável por gestão e fornecimento de vagas para alunos no Ensino Médio, não tem infraestrutura para receber estudantes de outros graus.
“Na verdade, a preocupação nossa é que esse [alunos do Ensino Fundamental I e Infantil] é um público que demanda educação municipal. Nós somos responsáveis pelo ensino médio. Caso isso aconteça de forma acelerada [fechamento de escolas particulares e consequente aumento da demanda por vagas na rede municipal], e por mais tempo, teremos que fazer um grande movimento de parceria entre estado e município para buscar saídas para absorver essa demanda. Nós não temos competência e escolas desse tamanho para absorver o infantil e o fundamental. Poderá sobrecarregar, e muito, creches e escolas infantis”, avaliou.
VACINA PARA TRABALHADORES DA EDUCAÇÃO
O secretário reiterou o pedido do governador Rui Costa para que o Ministério da Saúde inclua profissionais da educação (professores, trabalhadores da limpeza, merendeiras, entre outros) no grupo prioritário de vacinação contra Covid-19. A medida seria uma forma de agilizar a volta às aulas.
“O problema é que não temos uma quantidade de vacina nem para a segunda dose. Registro aqui duas frentes. O secretário Fábio, junto com outros secretários de Saúde, estão nessa linha de frente. Nós secretários de Educação fizemos reunião na semana passada, em Brasília, e pautamos isso. Há movimento muito forte para garantir a vacinação desses profissionais da Educação.”
Ele ainda criticou o Ministério da Educação por não liderar o debate sobre o retorno das atividades presenciais. “O MEC é uma ausência muito significativa pra gente não termos a presença do MEC para dialogar, dirigir. Não estamos falando de novos orçamentos, pautando decisões que envolvam aspectos financeiros, estamos tratando de um lugar de liderança nacional da educação.”Fonte:Bahia Noticias